Filhos da Internet já somam três processos nas Varas de Família

As profissionais do setor psicossocial das Varas de família do Fórum de Campo Grande(MS) passaram a receber casos inusitados. São os filhos havidos depois de relacionamentos iniciados em chats de bate-papo da internet. Os pais em geral tiveram pouca relação afetiva/pessoal e geraram filhos dos encontros que tiveram exclusivamente para fins sexuais. Agora, a discussão esbarra na disputa pela guarda e o direito de visita requerido pelos pais, homens que as mães desconhecem na vida íntima.

A Assistente Social, Maria Cecília Franco Caldeira, que analisou três casos somente em abril desse ano, disse que há necessidade de estudo sobre a nova situação. “É uma modalidade criada com o novo costume e precisa ser estudada”, afirma.

Num dos processos, o relacionamento pela internet durou oito meses e a cada 15 dias o casal se encontrava com cunho sexual. Quando a mulher engravidou, o romance se desfez. “O pai teve dúvida da paternidade da criança”, ressalta Maria Cecília. Depois de investigar judicialmente a paternidade, o pai ingressou com pedido de guarda da criança, que hoje tem três anos. “O problema é que o pai nunca viu o filho”, lembra a assistente social.

Num outro caso, o relacionamento entre o casal era especificamente de cunho sexual, visto que o pai, um médico já casado e que não tinha filhos, resolveu conceber um com a “amiga da internet”. Agora, tramita na justiça o pedido de regulamentação das visitas. Nesse caso o pai também não conhece a criança.

Noutro processo, os pais que também se conheceram pela rede mundial de computadores chegaram a morar juntos num relacionamento veloz, mas após a gravidez a mulher se separou e não quis mais o contato com o amigo virtual.

Segundo estudos da Assistente Social, a faixa etária dos casos em análise está entre 35 e 45 anos, pessoas com padrão médio de vida e em geral homens profissionais liberais, com mais idade que se relacionam com mulheres mais novas. A novidade está no fruto do relacionamento desse novo comportamento: o namoro pela internet com pequenos encontros que acabam gerando filhos.